Sábado, 30 de Agosto de 2008

ELECTRIC (1987)

Resenha: Flávio

Revisão e Arte: Rodrigo

 

 

  Em 1986 a banda realizou uma tour mundial maravilhosa e o álbum LOVE foi sem dúvida uma reviravolta no mundo do rock, pois quase nenhuma banda fazia um som como aquele na época.  Com o término da turnê eles voltaram para o THE MANOR STUDIOS e gravaram duas versões de um álbum que ficou conhecido como THE MANOR SESSIONS ou MANOR TAPES e que foi gravado com o mesmo produtor de LOVE - Steve Brown, com musicas inéditas e uma roupagem que misturava a psicodelia de LOVE com arranjos e solos ainda mais pesadinhos. Esse conjunto de músicas daria origem à um disco engavetado intitulado PEACE (que posteriormente foi lançado no box Rare Cult – como disco 3).

 

 

 

  Com o trabalho engavetado, eles resolveram então fazer um contato em Nova York; se hospedaram no lendário CHELSEA HOTEL a mando de Steve Jones e lá foram mostrar sua fita demo que acabaram de gravar ao produtor mais badalado naquela época o norte americano RICK RUBIN (DEF JAM). Na época ele estava no auge da popularidade por ter feito uma junção do rap do PUBLIC ENEMY com o rock n’ roll do AEROSMITH, e isso chamou muito a atenção dos garotos do Cult. RICK RUBIN ouviu a fita e propôs que eles regravassem alguns temas, mas da maneira dele. Da maneira das bandas que ele estava ouvindo na época (Rolling Stones, ACDC, Steppenwolf etc.). Alugaram o lendário ELECTRIC LADYSOUND STUDIOS de propriedade de JIMI HENDRIX, juntamente com os caras do Slayer (banda que Rubin também estava em estúdio produzindo um novo disco); encheram a cara de álcool e drogas e começaram a gravar (ou seria regravar ?) um dos discos mais importantes da história do hard rock mundial. RICK providenciou uma aparelhagem para BILLY DUFFY que deixava o mais alto possível o som de suas guitarras. Segundo ASTBURY, devido a uma diferença de fuso horário, a banda ficava bebendo e farreando até umas 3 horas da manhã, e ai, depois de ligadões, eles iam pro estudio de limusine e gravavam as musicas. (Muita das vezes bêbados e ligados de cocaína). A banda não ousava discutir com o produtor.

 

Billy, Rick Rubin e Ian entre as sessões de gravação

 

Rick Rubin - troca de músicas "viajadas" por Rock N" Roll nu e cru

 

Jamie Stewart, Ian Astbury, Billy Duffy e Les Warner

 

 

  Muitas das faixas saíram parecidíssimas com músicas conhecidas e até chamadas de plágio, como Wild Flower & Rock N’ Roll Singer do ACDC. Love Removal Machine lembra Start Me Up dos Rolling Stones (diferente da versão original de 85 que não se parecia em nada com a mesma). Por incrível que pareça, ELECTRIC que remete ao estúdio criado por HENDRIX foi um álbum curto, pesado e sem firulas ou frescuras. Apenas o mais básico e Rock n’ Roll possível.  Um disco que se pode ouvir de cabo a rabo , faixa por faixa. Hoje em dia é quase impossível algo assim seja qual for a banda. Até uma cover dos germânico-canadenses STEPENWOLF foi gravada - "Born to be Wild". A voz de IAN foi propositalmente forçada pra se tornar HEAVY METAL, no sentido mais literal.

 

 

 

 Quando saiu o disco os fãs ficaram desorientados, a banda gótico-psicodélica mais cult da INGLATERRA tinha se tornado um grupo de HEAVY METAL, foi uma TEMPESTADE ELÉTRICA na vida do THE CULT. O jornal ESTADO DE SÃO PAULO fez uma bela crítica sobre o disco, por TOM LEÃO, um dos mais importantes jornalistas do ramo. ELECTRIC foi um sucesso estrondoso em todo mundo inclusive no Brasil. Gente do naipe de ROB HALFORD, BILLY IDOL, DAVID BOWIE, IGGY POP, ROBERT PLANT, KEITH RICHARDS e uma série de nomes importantes se encantaram com o disco  e elogiaram o trabalho. Tão pesado e tão intrigante vindo de uma banda que não era do ramo.

 

 

 

  As músicas são um recorte de sons de clássicas bandas de rock; de ELVIS e LED ZEPPELIN em MEMPHIS HIP SHAKE  onde o batera LES WARNER (ex-Randy Califórnia e Julian Lennon) dá uma aula de groove a lá BONHAM. O baixo de JAMIE STEWART está pesado como chumbo, marcando como nunca todas as canções. Outlaw desce o espírito de JIMI HENDRIX misturado com LED ZEPPELIN. (citam o fato de que JIMI era um homem de “farra” e que tinha uma metralhadora nas mãos. No caso uma bela FENDER STRATOCASTER branca que o tornou o maior e mais importante guitarrista de todos os tempos). Nos solos de guitarra, Billy nunca soaria tão pesado, ASTBURY com sua voz no auge da potência, mesmo com tantos cigarros, aditivos e álcool. E foi nesse disco que ficou como marca registrada seu grito “gato do mato”  YEAAAAAAAAHIAAAAAAAAH! (que ninguém sabe quem inventou).  Já ouvimos isso na voz de MICK JAGGER em 74 no disco “sopa de cabeça de bode”, disco preferido de IAN ASTBURY. JIM MORRISON gritava assim o tempo todo e sem falar o padrinho do Cult, BILLY IDOL, que logo que ELECTRIC foi lançado, foi logo convidando os afilhados pra abrir seus shows, e em seguida a banda como HEADLINE teve como banda de abertura os desconhecidos GUNS N’ ROSES. 

 

 

  Na Electric Tour Jamie Stewart vai pra guitarra base e para o posto de baixista da turnê Ian convida um garoto inglês, seu parceiro de skate KID “HAGGIS” CHAOS, oriundo da banda GREBO-ROCK (ZODIAC MINDWARP). Apresentado para a platéia como “MARAVILHA SEM ROSTO” já que os cabelos a lá RAMONES impediam de ver sua face.

 

 

Kid Chaos Haggis em 2 momentos da Electric Tour

 

Jamie Stewart (guitarra base nos shows)

 

 

 

 

 

 

 

  Naquele ano de 1987 o Cult caiu na estrada pra divulgar seu álbum pra lá de elétrico, na época que acústico era fora de moda...

 

Les Warner, Kid Chaos, Ian Astbury, Billy Duffy e Jamie Stewart

 

 

 

 

 

 


publicado por Rodrigo às 16:10
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1 comentário:
De Luiz a 8 de Setembro de 2008 às 00:45
PARABÉNS pelo trabalho. Simplesmente, SENSACIONAL.

A banda e o Brasil mereciam um trabalho assim!

Pa
z

Luiz


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